2013. O ano que era de recuperação da economia mata mais 50 mil empregos

2012-10-04

As previsões feitas em meados do ano passado são hoje risíveis. Nem um ano e meio passou e a economia portuguesa já borregou por completo. Em Agosto de 2011, já com Vítor Gaspar ao leme do país, o documento com as linhas de estratégia orçamental delineado pelo PSD/CDS prometia aos portugueses que em troca do seu esforço o desemprego atingiria o pico este ano, iniciando uma rota descendente a partir de 2013: o pico seria de 13,4%.

Mas a revisão ontem feita pelo governo para o desemprego colocou esta taxa em 16,4% no próximo ano, isto depois de nem há um mês ter sido avançada uma taxa de 16% – culpa do recuo na TSU, disse Vítor Gaspar. Isto significa que desde as primeiras previsões até 2013 Portugal terá destruído mais 171 mil empregos que o previsto no programa de ajustamento. Só em 2013 são mais 50 mil postos de trabalho que irão desaparecer. Segundo os dados apresentados por Vítor Gaspar, o desemprego só poderá baixar em 2014.

Além do desemprego, também a variação esperada para o PIB nos anos de ajustamento já foi revista várias vezes – sempre no pior sentido. Se em meados do ano passado se previam apenas dois anos de recessão – 2011 e 2012 –, agora o governo já anuncia uma série de três anos de contracção, com o PIB a recuar também em 2013. Além disso, a própria dimensão da queda prevista para a economia portuguesa foi dizimada. Em 2011, o governo previa uma queda da economia de 2,2% nesse ano e de 1,8% durante este ano, sendo 2013 já um ano de crescimento. Portugal na teoria iria contrair 4% de forma acumulada. Agora as previsões divulgadas de Vítor Gaspar apontam para uma recessão acumulada de 5,7% entre 2011 e 2013. Ou seja, num ano e meio a dimensão da recessão cresceu 43% – 4% para 5,7%.

Consumo das famílias cai 12,1% Vítor Gaspar previu ontem que espera que o consumo privado em Portugal caia apenas 2,2% ao longo de 2013, isto apesar do “enorme aumento fiscal” que irá comer grande parte do rendimento ainda disponível das famílias. A confirmar--se este valor no próximo ano, o consumo das famílias portuguesas entre 2011 e 2013 terá recuado um total de 12,1%. O corrente ano, com um recuo de 5,9%, foi o maior contribuinte para esta queda. Contudo, e como a voracidade fiscal para 2013 irá incidir sobre rendimentos que não podem evitar o fisco – ver ao lado –, a adaptação das famílias à diminuição súbita do salário (por via do IRS) ou ao aumento do IMI (próxima página) far-se-á sentir no consumo. O défice externo irá cair (o consumo vai continuar em queda, logo as importações também), mas em troca o governo potencia o risco de ocorrerem mais falências e desemprego.

 

Jornal i

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